
PRAIANO PARISIENSE
oralidade
"Durante os meus 15 anos de prática, pude observar que alunos que chegam com algum conhecimento do idioma, tem, normalmente, uma péssima pronuncia do francês. Apesar de um bom domínio da estrutura gramatical, a fala é, muitas vezes, incompreensível. Por isso, trabalho bastante, com meus alunos iniciantes, a pronunciação correta dos fonemas.
Assim, para facilitar o aprendizado, desenvolvi uma convenção fonética adaptada aos brasileiros: Cada vez que um som existe em português, utilizo a grafia do mesmo. Ex.: "S´IL VOUS PLAIT" (por favor) vai ser foneticamente transcrita [silvuplé].
Se o som não existe em português, o simbolo também não tem significado para evitar confusão. Ex.: O "U" francês vai ser foneticamente transcrito [Ü] com trema. Veja a palavra "BUS" (ónibus) transcrita [BÜS]".
ATENÇÃO! Estar atento a ter uma boa pronunciação não significa não ter um sotaque. Todos nós - franceses, brasileiros ou de qualquer outra nacionalidade temos uma forma particular de pronunciar os fonemas, um ritmo, uma tonalidade herdado de nosso meio cultural, o que - na maioria dos casos - não compromete a compreensão com falantes de outras regiões.
Aliás, o sotaque brasileiro aplicado à língua francesa dá um resultado muito agradável para os ouvidos de um nativo! Palavras de um parisiense!
Mesmo para quem quer aprender o francês com o único objetivo de se comunicar oralmente, a compreensão básica da escrita é fundamental para atividades cotidianas como ler um cardápio, identificar uma estação de metrô ou entender as condições de acesso a um museu.
Além disso, a escrita do francês é cheia de armadilhas para os brasileiros, que estão acostumados a pronunciar todas as letras. Como você irá perguntar a um parisiense, por exemplo, como chegar à estação de metrô LAMARCK CAULAINCOURT (*) se não consegue pronunciar adequadamente a palavra?
Esse é um dos motivos pelo qual todo material que utilizo - mesmo que focado na comunicação - não menospreza o aprendizado da compreensão e da produção escrita. Este facilita o desenvolvimento da oralidade, sobretudo para as pessoas que se utilizam da memória visual.
(*) [lamark kôlâkuR]
ESCRITA
gramática
Alguns autores defendem que a gramática é desnecessária se considerarmos o fato que uma criança é fluente na sua língua nativa bem antes de ir à escola e aprender as regras de gramática. Outros consideram que não existe domínio do idioma sem o conhecimento profundo das suas regras gramaticais.
Nas minhas aulas, especialmente para os iniciantes em comunicação no idioma francês, a gramática é abordada como um atalho que permite rapidamente evitar erros básicos de pronúncia sem maior preocupação com as regras da escrita.
Por exemplo: É dispensável saber, em um primeiro momento, se uma palavra forma o plural com um "S", tal como "MAISONS" (casas), ou com um "X", tal como "BATEAUX" (barcos). Nem o "S" nem o "X" são pronunciados. MAISONS se pronuncia [mèzo´] e "BATEAUX" [batô] tanto no singular quanto no plural.
No sentido oposto, com frequência as regras de gênero determinam construções fonéticas diferentes. Por exemplo, tem-se "BRÉSILIEN" [brêziliã] para brasileiro e "BRÉSILIENNE" [brêziliénn] para brasileira. Então, se você não quer que um francófono fique perplexo quanto a sua identidade, é interessante entender as regras que diferenciam o masculino do feminino!
Salvo casos particulares, costumo abordar a gramática de forma mais rigorosa somente a partir do nível intermediário.